Rio Ave: Um case-study em liderança
18:11Numa fase em que proliferam os maus exemplos, desportivos e de gestão, clubes como o Rio Ave emergem como os bons exemplos de como a boa preparação de uma época desportiva é fundamental para que os objectivos sejam alcançados. Mesmo que os percalços, frequentes em equipas que lutam pela manutenção, surjam amiúde, o plano traçado segue como previsto e a figura do líder nunca é colocada em questão, facto que reforça a sua posição perante o grupo.
Em todos os inícios de temporadas, o discurso repete-se, num fado em que já poucos acreditam. Cerca de 56% das equipas da Liga Zon Sagres apontam à manutenção como objectivo primordial, apontando factores como uma estrutura forte, organização e trabalho como essenciais para que tudo corra como planeado. O problema da esmagadora maioria destes clubes passa, nuns casos, pela falta de paciência dos seus responsáveis, e noutros, pela ausência de uma estrutura sólida, que permita que o trabalho possa gerar resultados positivos. As 'chicotadas' sucedem-se a cada jornada que passa e os seus efeitos são ambíguos. Poucos são os que conseguem melhorar o cenário, até porque os processos e métodos de trabalho demoram o seu tempo a gerar frutos num plantel que se vai também ele fragilizando com as sucessivas trocas de liderança. Olhando para as mudanças de treinador em 2010/2011, apenas no caso da Naval (à 3.ª tentativa, diga-se) os resultados melhoraram substancialmente. Isto num universo de oito 'chicotadas psicológicas'.
Contudo, no meio deste cenário surgem exemplos de como a paciência e confiança nas qualidades de técnicos e jogadores são catalisadores de marcas importantes. Clubes como Paços de Ferreira, Olhanense ou Rio Ave demonstram isso mesmo, com a exactidão dos números a comprová-lo. Deste trio, os 'castores' vivem um autêntico estado de graça em termos nacionais, enquanto a turma de Olhão vem realizando um campeonato sem grandes sobressaltos. Bem diferente tem sido a campanha do conjunto de Vila do Conde. O Rio Ave não entrou bem na Liga, fruto de uma onda de lesões, que afectaram sobretudo a eixo defensivo, e de algumas exibições menos conseguidas. Apesar do mau arranque, a confiança da direcção em Carlos Brito, um nome histórico no clube, nunca esmoreceu. O elenco directivo desde muito cedo deixou claro que o técnico não estava pressionado pelos resultados imediatos, seguindo o planeamento feito no início da época. Com o regresso à boa forma física de algumas figuras importantes e a rentabilização elevada de homens como João Tomás, Paulo Santos ou Bruno Gama, o Rio Ave ganhou novo fôlego na prova, deixando para trás a zona perigosa da classificação sem grande dificuldade. E consegui-o com um futebol atractivo. O segredo? A estabilidade dada quer ao plantel quer à equipa técnica. A direcção vilacondense teve o bom senso de entender que Carlos Brito, pelo que representa para o clube e pelo conhecimento que tem do futebol português, é o homem certo no local certo. Em determinada fase da época, a mudança de técnico talvez fosse a decisão mais fácil de tomar, imitando muitos dos seus concorrentes à manutenção. Mas o clube optou pelo caminho mais difícil mas que, no final, se veio revelar o correcto. Um exemplo que muitos clubes deveriam estudar com grande atenção.
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