O mundo ao contrário da Inglaterra

08:46


Inglaterra levou a melhor sobre o País de Gales (2-1), estreou-se a vencer no Grupo B do Euro 2016 e ficou em excelente posição para seguir em frente na competição. Um golo milagroso de Sturridge, já para lá da hora, confirmou o triunfo dos favoritos neste duelo britânico, ainda que por vias muito acidentadas, e sem que a lógica tivesse muito que ver com o desfecho do encontro.

Gareth Bale, estrela maior dos galeses, gracejava, no lançamento do jogo, que nenhum jogador da seleção inglesa teria lugar no onze de Gales. Ter-se-á esquecido de Wayne Rooney, outrora um possante avançando que, hoje, passeia classe no miolo. O 10 que enverga nunca fez tanto sentido como hoje. Dos seus pés saíram os lances de maior lucidez do ataque inglês, mas faltou aos companheiros, invariavelmente, categoria para definirem com critério.

Curiosamente, o jogo não se decidiu pela qualidade, mas sim pelo coração. Ao bom golo de Bale, a fechar a primeira metade, Roy Hodgson respondeu com a aposta em James Vardy para a etapa complementar. O "wonder boy" de Leicester picou o ponto, naquele que foi o único capítulo da recuperação inglesa explicável pela lógica. Afinal, Vardy transforma em ouro tudo o que toca.

A partir daqui, e com o País de Gales cada vez mais recuado no terreno, faltaram ideias à Inglaterra para superar o cada vez mais denso bloco galês. O selecionador inglês não ajudava, já que se limitava a acrescentar homens para a frente de ataque, não vendo as gritantes dificuldades de construção de lances de perigo que a sua equipa evidenciava. Rooney era o único com capacidade para pegar no jogo desde trás, mas não tinha acompanhamento por parte dos companheiros. Ver Sturridge mais como médio ofensivo do que avançado foi penoso, tal como lançar Rashford para a ala esquerda do ataque.

Ainda assim, numa das raras boas combinações do ataque inglês, Sturridge empurrou para o fundo da baliza, mascarando uma exibição descolorida de Inglaterra, que terá que fazer bem melhor para poder ser levada mais a sério na corrida pelo troféu. A vitória sobre Gales, até pelo seu simbolismo, pode lançar os ingleses para outros patamares, mas não se iludam: terão que jogar bem mais do que hoje.

Fotografia: Direitos Reservados

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