Uma Alemanha pouco alemã

15:07


Alemanha e Polónia empataram sem golos, um desfecho que não surpreende na totalidade, apesar do natural favoritismo germânico. Quem, como os polacos, tem jogadores como Lewandowski ou Krychowiak tem que ser levado a sério, ainda para mais quando o adversário foi tudo menos igual a si próprio.

Passes atrás de passes, um futebol sem grande objetividade e, sobretudo, a ausência um ponta de lança fixo, capaz de lançar o pânico na área contrária, confirmaram as dúvidas que a vitória na jornada inaugural do Europeu, com a Ucrânia, havia camuflado. Onde anda a Alemanha de sempre? A do "Bombardeiro" Gerd Muller, de Rudi Voller, de Bierhoff, de Jurgen Klinsmann ou, mais recentemente, de Miroslav Klose?

Jogar com Goetze no eixo do ataque pode dar mais amplitude, mais imprevisibilidade, mais criatividade e, até, maior velocidade de processos na frente, mas, por incrível que possa parecer, tudo isso somado dá uma Alemanha menos forte, menos eficaz e com mais dificuldades de ultrapassar seleções como a Polónia, extremamente bem organizadas e venenosas no ataque.

O futebol lento e previsível, rendilhado em demasia e sem grande objetividade dos alemães, só não deu pior resultado porque Lewandowski e Milik foram desastrosos no ataque. Os germânicos também tiveram as suas oportunidades, mas até aqui não foram a seleção implacável e fria que nos habituaram no passado.

Numa Alemanha descaraterizada, salvaram-se Toni Kroos e Thomas Muller. Não deslumbraram com a bola nos pés - aí Ozil deu a goleada do costume - mas nunca deixaram de lutar por ela e, com o esférico nos pés, procuraram, pela via mais simples, chegar com perigo à baliza adversária.

Essa é regra basilar do jogo, que os alemães, mais do que ninguém, sempre souberam colocar em prática. Se abdicarem de o fazer, em favor de um futebol mais estilizado e estéril, perdem o seu ponto mais forte, a mentalidade ganhadora, que deu origem à frase eternizada pelo antigo internacional inglês Gary Lineker: "No futebol são onze contra onze e, no final, ganha a Alemanha". A continuar assim, os germânicos não vão sorrir tantas vezes no fim.

Fotografia: Direitos Reservados

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