Tantos estilos para uma só Inglaterra

15:37


Há poucos dias escrevia sobre o "mundo ao contrário" da Inglaterra, após a cambalhota no resultado diante do País de Gales, e a cada jogo que passa sobram mais dúvidas do que certezas sobre as reais possibilidades da equipa de Roy Hodgson no Euro 2016.

Ver Inglaterra jogar é ver várias equipas em simultâneo. Numa das seleções onde a meritocracia mais funciona - a ausência de Drinkwater será a exceção - percebe-se que fica difícil ao selecionador traçar apenas uma via para o jogo da equipa.

Com laterais com forte vocação ofensiva, faz todo o sentido colocar Eric Dier como trinco, mas os problemas de articulação do jogo inglês começam exatamente aí. Talvez influenciado pela sua formação na Academia do Sporting, o futebol de toque curto do médio do Tottenham contrasta com as ideias de Lallana, habituado ao jogo elétrico de Liverpool.

O recuo de Rooney no terreno ajuda a disfarçar a falta de ligação no miolo, mas deixa o ataque, um autêntico reboliço de estilos, sem comandante. 

Vardy é...Vardy. Não dá uma bola como perdida, faz tackles sem fim e, em qualquer nesga, procura a baliza contrária. Já Sturridge, mais refinado tecnicamente, tem aparecido em zonas mais recuadas, mas falta-lhe critério na definição dos lances. Algo normal num jogador mais acostumado a finalizar do que a construir.

Harry Kane, à partida o mais temível dos avançados ingleses, perdeu-se na confusão inglesa, e nem a aposta inicial no companheiro de equipa no Tottenham, Dele Ali, o ajudou a encaixar no esquema de Hodgson. Sterling joga no seu mundo e até o irreverente Rashford já foi utilizado.

Até agora, o valor individual dos craques ingleses tem sido suficiente para fazer um Euro tranquilo. Contudo, o segundo lugar no grupo B, atrás do surpreendente País de Gales, demonstra que Inglaterra terá que melhorar daqui em diante para ser considerada uma séria candidata à vitória na prova.

Fotografia: Direitos Reservados

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